sábado, 5 de abril de 2014

Kurt Cobain: o último rock star


Kurt Cobain (1967-1994)


Há exatos 20 anos morreu Kurt Cobain. Cerca de 30 meses após se tornar uma estrela da música e um ídolo para milhões de pessoas, o líder do Nirvana decidiu por fim à própria vida. O seu corpo foi encontrado em 08 de abril, mas os legistas confirmaram: a morte ocorreu três dias antes, em 05 de abril de 1994. Tinha 27 anos.

Com mais de 30 milhões de discos vendidos ao redor do mundo, especialmente o clássico “Nevermind”, que tornou o grupo famoso em 1991, o Nirvana foi a última banda a ter um impacto gigante não só no meio musical, mas na própria cultura de massa, incluindo aí suas ramificações principalmente na moda com aquela história de grunge.

Kurt morreu, mas o mundo nunca deixou de falar e ouvir a música do artista. E não apenas a geração que era adolescente na época do sucesso do Nirvana. Dias atrás circulou na internet um vídeo que mostrava a reação de adolescentes americanos ao ouvirem músicas e assistirem clipes da banda pela primeira vez. Era lindo ver aqueles jovens sendo impactados pela criação artística de Kurt Cobain, assim como a minha geração foi também no início da década de 90.

Em seu novo livro, o principal biógrafo de Kurt Cobain, o jornalista Charles R. Cross, usa o benefício da perspectiva do tempo para tentar entender/explicar o porquê o Nirvana se tornou um fenômeno e porque Kurt Cobain é e vai continuar sendo por muito tempo um ídolo, influenciando sempre novas gerações:



Kurt se transformou numa referência, tendo em vista que a música do Nirvana continua a encontrar público diante das novas gerações de adolescentes a cada ano que passa. Vejo nessa popularidade permanente uma semelhança ao modo como todo adolescente que conheço acaba lendo O Apanhador no Campo de Centeio a certa altura. Kurt Cobain e o Nirvana agora fazem parte de um rito de passagem pela adolescência, o verdadeiro teen spirit.”

O novo livro de Charles R. Cross, “Kurt Cobain: a construção do mito”, foi lançado às vésperas da efeméride dos 20 anos da morte do líder do Nirvana. A obra teve lançamento mundial em março e, nesta semana, chegou às livrarias brasileiras em edição nacional. Em pouco mais de 170 páginas, o jornalista analisa a carreira do Nirvana e sua influência no mundo da música; o grunge e a cultura; o estilo e a moda; as cidades de Aberdeen e Seattle antes e depois da fama do Nirvana; o vício e o suicídio de Kurt Cobain e, por sim, o seu legado.

Nem de longe é o melhor livro para conhecer e entender a vida de Kurt Cobain. Quem estiver interessado nisso o melhor é ler “Mais Pesado que o Céu”, a extensa biografia do músico também escrita por Charles R. Cross e publicada em 2002. Já “Kurt Cobain: a construção do mito” é um livro de poucas novidades para os fãs mais dedicados. Porém, é uma peça importante para aqueles que estão começando a se familiarizar com a música e a história do Nirvana.

Foto do corpo de Kurt Cobain, divulgada pela primeira vez esta semana

Mas o livro não pretende ser um trabalho definitivo, a última palavra sobre Kurt. E o autor é correto ao reconhecer que nenhuma análise, por mais abrangente que seja, consegue explicar o fenômeno que foi o Nirvana: "No fim, a influência de um artista é uma questão pessoal. Se você foi tocado ou se emocionou de alguma maneira por Kurt Cobain, o que o atraiu é a chave para o que o legado dele significa para você hoje."

Para a edição nacional fica a crítica para o título dado ao livro. Nos Estados Unidos publicado como “Here We Are Now: The Lasting Impact of Kurt Cobain” (Aqui estamos nós: o duradouro impacto de Kurt Cobain), o título é mais apropriado para o que o leitor encontra no livro .

Já o título da edição brasileira, “Kurt Cobain: a construção do mito” soa inapropriado. Primeiro porque nem de longe se trata de uma obra que reconstrói os passos do Nirvana ao sucesso. Segundo que Kurt e o Nirvana não foram “construídos” por empresários, pela gravadora, pela MTV. Se Kurt Cobain tornou-se um mito, ele se fez pelo talento e pelo seu legado artístico irretocável e, convenhamos, por um bocado de sorte. O Nirvana foi a banda certo no lugar e na época certas. 

E Kurt foi o último grande rock star cujo fim trágico, 20 anos depois, nunca deixamos de lamentar.



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