sábado, 21 de abril de 2012

21 de abril: Dia da Loja de Disco


Surgido na Inglaterra em 2007, o Record Store Day (Dia da Loja de Disco) chega hoje à sua quinta edição. Criado em um momento de forte crise da indústria fonográfica, resultado da disseminação da troca gratuita de arquivos MP3 na internet, o Dia da Loja do Disco se tornou uma espécie de marco de resistências das empresas que insistem em manter as portas abertas vendendo CD’s e vinis para um público restrito.

Mas a situação já esteve pior. Dados mostram que nos últimos anos está havendo uma retomada do comércio de discos. E o principal responsável por isso, quem diria, são os vinis, os antigos bolachões, que a partir da metade dos anos 90 quase desapareceram das lojas em todo o mundo. Só não morreram por causa de um minguado grupo de aficionados que jamais trocou a qualidade de áudio e também visual do vinil pelo CD.

Cada vez mais importante, o Dia da Loja de Disco se tornou realmente uma data especial para músicos e fãs de música, principalmente nos Estados Unidos e Inglaterra. Nestes dois países, centenas de artistas preparam lançamentos especiais e limitadíssimos (a maioria em vinil) para serem vendidos especialmente na data.


Este ano, foram preparados 417 lançamentos para o Dia da Loja do Disco, contra 250 no ano passado. E um detalhe: todo esse material é comercializado em lojas independentes. Nada de megastores ou coisas do gênero. Além disso, é comum artistas realizarem na data sessões de autógrafos e pequenos shows em lojas. Tudo isso para despertar novamente o hábito das pessoas frequentarem as lojas de discos ou despertarem a curiosidade daqueles que jamais pisaram em uma.

No Brasil, ainda não existe nada parecido. Porém, o mercado de discos de vinil também tem crescido aos poucos. Tanto que há cerca de dois anos foi reativada a única fábrica, a Polysom, no Rio de Janeiro. Esta semana, por exemplo, o Los Hermanos anunciou que toda sua discografia será relançada exclusivamente em vinil, em uma caixa pra lá de caprichada.

Na nossa região, o vinil também é comemorado. Hoje (será coincidência?), a CATVE FM de Cascavel anunciou o seu novo programa. Trata-se do Programa Clube do Vinil, que promete levar ao ar colecionadores para falar sobre seus vinis preferidos (veja aqui).

E você, sabe como é feito um disco de vinil?  

Veja este vídeo preparado exclusivamente pela turma do Record Store Day, que mostra todo o processo, desde a prensagem dos bolinhas de vinil até o empacotamento final do disco. Vale a pena conferir!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Layne Staley e o clichê patético do rock star


“Mas nós somos nossa própria raça superior/ Os chapados, os viciados e os loucos”

- Layne Staley (1967-2002), na canção Junkhead


Hoje, 05 de abril, completam-se 10 anos da morte de Layne Staley. Para os mais novos ou para quem já é chegado na casa do 40 para cima, provavelmente um Zé Ninguém. Mas, quem era moleque no início dos anos 90 e curtia rock, logo saca a importância do sujeito.

Staley foi o vocalista do Alice in Chains, grupo que ao lado de Nirvana e Pearl Jam formou a tríplice coroa do grunge, a última grande cena do rock que nasceu em Seattle para ganhar o mundo no começo dos anos 90. A banda gravou apenas três discos, dois EPs e um acústico MTV.

Com uma mistura de hard rock clássico com Black Sabbath, com destaque para a voz de timbre forte e marcante de Staley e para os riffs poderosos de guitarra de Jerry Cantrell – que juntos dividiam os créditos das composições –, o Alice In Chains teve nas drogas pesadas o seu combustível criativo para escrever algumas das canções mais pé-na-fossa de todos os tempos.

Contudo, se as drogas levaram o Alice in Chains ao estrelato, elas também cobraram o preço e levara a banda para lona numa velocidade impressionante.

Primeiro foi o baixista da formação original, Mike Starr, que foi chutado para fora do grupo logo após a gravação de “Dirt”, de 1992. A razão: o vício dele em heroína (Mike Starr morreu em decorrência das drogas em 2011). Depois do baixista, a porca torceu o rabo para os lados de Layne Staley. Não que antes disso ele não fosse usuário. Só que por um tempo o cantor segurou a onda, até ser devastado pela heroína.


“Dirt”, o melhor trabalho do Alice in Chains, é um disco sobre depressão e drogas, as duas coisas que sempre acompanharam o vocalista desde a adolescência. Nascido em 1967, ainda criança ele assistiu a separação dos pais, a partir de quando passou a ser criado somente pela mãe e irmãs. Daí para frente a história dele é praticamente o clichê do garoto que encontrou nas drogas e na música o seu ponto de fuga.

Deu que o Alice in Chains se tornou famoso, mas nem isso serviu para alegrar um pouco mais a vida do vocalista. Mais dinheiro, mais drogas! E quanto mais drogas, maior o buraco. “Down in a Hole” (Fundo do Poço) é o título de um canção de “Dirt”, na qual um desalentado cantor resmunga: “Dentro de um buraco e eu não sei se posso ser salvo/ Veja meu coração, eu o decorei como um túmulo”. Apenas dois versos sombrios entre os muitos espalhados pelo disco que ajudaram a construir a (má) fama – no bom sentido - de “Dirt”.

O último disco de estúdio do grupo, que levava apenas o nome da banda saiu em 1995. Não que fosse ruim, mas já não tinha o mesmo brilho dos trabalhos anteriores. Devido aos vícios de Layne Staley, a banda praticamente não se apresentava mais ao vivo. Exceção feita poucas vezes, como no dia 10 de abril de 1996, quando o grupo se reuniu para gravar o seu “Unplugged MTV”. Uma excelente performance do cantor, para surpresa dele e colegas de banda.


Daí em diante foi só ladeira abaixo. A banda entrou em um ostracismo sem tamanho. Cada vez mais dependente, Layne Staley foi vivendo sempre mais e mais isolado. Reencontrou o pai após anos, com quem então, além de ter começado a dividir o apartamento, também passou a compartilhar seringas para usar drogas.

Nessa degradação, Layne Staley viu o pai morrer em razão dos vícios. Depois a namorada pelo mesmo motivo.

O corpo do cantor foi encontrado pela polícia no dia 20 de abril de 2002. Segundo a necropsia, a data provável da morte foi 15 dias antes, em 05 de abril. Recluso, as pessoas só deram falta dele quando um cheiro desagradável começou a sair do apartamento do músico e o advogado dele estranhou que há vários dias o artista não movimentava a conta bancária.

A vida de Layne Staley é o clichê patético do rock star. Pobre com talento, fica famoso, se afunda nas drogas e morre. Basta citar Kurt Cobain, “colega” do grunge, que coincidentemente também se matou num dia 05 de abril, porém oito anos antes da dose fatal que apagou o vocalista do Alice in Chains para sempre.

Foi-se o homem, fica sua marca. E Layne Staley deixou a dele. A principal dela é “Dirt”. Um disco um tanto quanto esquecido pelas novas gerações. Mas não por isso menos clássico.

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(*) Em 2009 o Alice in Chains voltou a excursionar com um novo vocalista, Willian Duvall, e um novo disco, "Black Gives Way to Blue".