segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Art Chantry e o dom de convencer os outros a comprar um disco pela capa

Art Chantry

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Há algum tempo tenho seguido pelo Facebook o artista gráfico norte-americano Art Chantry, que há três décadas é responsável por milhares de capas e cartazes de shows de bandas que vão de Mudhoney a Pussy Galore passando por Monomen e algumas centenas de outras, principalmente aquelas que lançavam suas músicas pelos selos Estrus e Sub Pop.

Art Chantry está imediatamente identificado com a cena da região noroeste dos Estados Unidos, lá para os lados de Seattle. E de fato ele teve uma influência gigantesca no apelo visual do grunge. Afinal, desde os anos 80 ele era o artista responsável também pela diagramação de muitas páginas da revista The Rocket, que cobria a movimentação musical daquela região dos States.
 

Na sua página no Facebook Art Chantry posta quase que diariamente várias imagens de seus trabalhos, acompanhados de muitos comentários sobre a produção de cada material. Melhor ainda, ele conta muitas histórias de bastidores sobre a cena grunge. Um material que definitivamente merece um livro.

Quem acompanha essas postagen acaba lendo sobre um montão de bandas que quase ninguém nem se quer ouviu falar. Aí você escolhe um disco com uma capa legal e vai no Google atrás de um link pra baixar para ver qualé a da banda, busca vídeo no YouTube, etc...

A "descoberta" de hoje é esse grupo chamado The Fumes (tão underground que nem no site All Music existe qualquer menção a ele), que em 1996 lançou um disco chamado "Self-Appointed Guardian of The Machine" (baixar). Uma punkadaria dos infernos traduzida muito bem pela capa. 
 

Art Chantry contou que o conceito era dar um pé na bunda na imagem idealizada da família feliz onipresente nas propagandas da fabricante de veículos Chevrolet na década de 50. Para tanto, nada melhor do que uma foto de um Chevy em 1957 totalmente destruído após bater contra um caminhão. O resto do trabalho de arte criado a partir da foto é pura inspiração de Art Chantry.

"Chantry é de outro planeta", definiu a revista Punk Planet, que em 1998 entrevistou o artista e o bate-papo pode ser lido na coletânea de textos da publicação, lançada no Brasil pela Editora Ideal com o título "Não devemos nada a você". Para a Punk Planet, o trabalho de Chantry é reconhecido a quilômetros de distância: avesso ao computador, ele faz manualmente o design de seus discos, pôsteres e revistas, preferindo estiletes, copiadoras e fotocomposição.
 

"Nunca trabalhei para uma grande corporação sem tomar no cu. (...) Um grande volume de coisas passa por aqui e são todos pequenos projetos e bandas que provavelmente vão acabar antes que o disco seja lançado, mas é disso que vivo", considerou na ocasião o designer, que hoje já beira os 60 anos, mas ainda está antenado e trabalhando em sintonia com o underground.
 

 

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