segunda-feira, 10 de maio de 2010

A cultura da hortelã no Oeste do Paraná - Parte 1


LEGENDA: Colheita da hortelã em Mercedes, no início da década de 70.

Nesta semana, será publicada em partes, aqui no blog, reportagem que publiquei na Revista Região em 2009, sobre a cultura da hortelã na região de Marechal Cândido Rondon nas década de 1960 e 1970. O assunto foi tema da dissertação do meu colega de mestrado, Gilson Backes, que realizou uma pesquisa extremamente interessante sobre a cultura da hortelã e a importância econômica e social que ela teve na região. Mas, que mesmo assim, hoje é pouco lembrada na história regional.

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Ouro verde

Capítulo quase apagado da nossa história, cultura da hortelã teve papel fundamental na economia da região na década de 1970

Por Cristiano Viteck

“Quando alguém falasse em hortelã, nós devia tirar o chapéu da cabeça e por a mão pro céu porque foi da hortelã que nós conseguimo tudo o que nós temo aqui”. Nesses tempos em que as plantações de soja e milho predominam no extremo Oeste do Paraná, a afirmação feita por José Honorato Alves, mais conhecido como Seu Zequinha, pode soar estranha para os mais jovens e, por outro lado, deve despertar uma série de lembranças naqueles que já viviam na região durante os anos de 1970.

Episódio quase esquecido da história regional, o cultivo da hortelã foi uma das atividades econômicas mais rentáveis já praticadas em Marechal Cândido Rondon e municípios vizinhos. Uma época de trabalho árduo, mas para muitos, também bastante feliz, tanto que as lembranças emocionam profundamente Zequinha (hoje com 77 anos e morador da Linha Gruta, interior de Mercedes), ao lembrar daquele período em que, ao lado da esposa – já falecida – e dos filhos, encontrou na cultura da hortelã condições de criar sua família e de adquirir a propriedade de 11,5 hectares onde reside há muitos anos.

Morando em Mercedes (na época distrito rondonense) desde 1969, vindo de Palhoça, Santa Catarina, Seu Zequinha é apenas uma entre as incontáveis pessoas que dedicaram parte de sua vida ao cultivo da hortelã.

Uma atividade que teve um ciclo rápido, de pouco menos de 10 anos, mas que provocou um grande processo migratório à região. Gente que veio do sul do país, mas também de outros estados como São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia, entre outros, em busca de uma vida melhor ou apenas oportunidades de trabalho e que, tão logo encerrou-se o período hortelaneiro, promoveu uma nova diáspora pelo Brasil afora.

Pesquisa

Relatos como o de Seu Zequinha e a curiosidade de conhecer mais sobre aquela época inspiraram o historiador de Mercedes, Gilson Backes, a dedicar-se a uma aprofundada pesquisa que resultou na dissertação “As plantações de hortelã e as dinâmicas socioculturais da fronteira: memórias, trajetórias e estranhamentos em Mercedes”, que desenvolveu no Mestrado em História da Unioeste, defendida no final de maio e bastante elogiada. A partir de uma série de entrevistas e de uma apuração junto às mais diversas fontes, Gilson conseguiu resgatar a ciclo da hortelã na região, com o mérito de colocar em evidência o elemento humano.

Ele explica que a pesquisa surgiu das conversas que tinha com os familiares, que contavam sobre o grande número de pessoas que viviam em Mercedes na época da hortelã. “Me instigou pensar como um número tão grande de famílias vivia em áreas pequenas de terra e ao mesmo tempo saber quem eram essas pessoas, que hoje o pessoal chama de nortistas. Outro fato que no princípio me chamou atenção foi o grande número de escolas que existiam no município. Na década de 1970 havia só em Mercedes 19 escolas rurais, escolas com 80, 100 alunos, 120 alunos. No Arroio Guaçu a escola chegou a ter, em 1974, mais de 200 alunos. E eu começava a pensar, ‘onde estão essas pessoas, como viviam?’”.

No levantamento de fontes, ele percebeu “que poucas pesquisas falavam da cultura da hortelã, ou quando era apresenta, ela era dada como uma atividade passageira. Ou, no máximo, se aponta o grande número populacional da época, ligado ao cultivo da hortelã. Mas foi um período importante da história da região”.

2 comentários:

  1. cristiano viteck gostei de ler sobre este magnifico trabalho já tive lavoura de hortelá nos municipios de altamira, campina da lagoa, e nova cantu ate 1976,hoje moro em goinia,goias gostaria muito de saber em que região do parana que ainda poso encontrar pelo ao menos uma lavoura de hortelá para mim matar grande saudades que tenho desta plantação um abraço parabés pelo seu trabalho antonio de goiania

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  2. Certa feita... lá por 1976, num sabado, fui pescar lá pras bandas de São Roque, se não me engano...... deu uma ligeirinha e...... hmmmmm...... o unico capim descente para limpar o fiofó era\ aquele verdinho..... não pensei antes.... mas continuei pensando 2 dias depois....kkkkkk o bicho refresca mesmo.... mas queima tambem...kkk

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