quarta-feira, 23 de julho de 2014

Em “Insular”, Humberto Gessinger canta a vitória do exército de um homem só


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Marechal Cândido Rondon recebe no dia 25 de julho, durante a Expo Rondon, o show da turnê do disco “Insular”, que é oficialmente considerado o primeiro disco solo da carreira de Humberto Gessinger, o ex-líder do grupo Engenheiros do Havaii. “Insular” é um dos melhores trabalhos de toda a carreira do músico, por isso você não pode perder essa apresentação.

É engraçado pensar que este é o primeiro disco solo do Humberto Gessinger quando lembramos que após 1994, com o fim da formação clássica do grupo (com Carlos Maltz na bateria e Augusto Licks na guitarra), tudo o que levou o nome de Engenheiros do Havaii foi um esforço único do cantor. Houve ainda o projeto “Humberto Gessinger Trio”, que lançou ótimo disco homônimo em 1996. Depois, com o fim dos Engenheiros do Havaii em 2008, ele encarou uma parceria que com o músico Duca Leindecker, que rendeu dois discos sob o nome de Pouca Vogal.

Mas foi apenas com “Insular” que Humberto decidiu se assumir solo. E o disco é um projeto tão individual que a maioria das canções é sobre ele mesmo. Cantado não mais pela mais ótica de quem percorre uma infinita highway a “110, 120, 160, só pra ver até quando o motor aguenta”. Mas agora como um homem de meia idade que aprendeu que o segredo é ir sem pressa e pra sempre.

Ou como um cara que vê a própria imagem no espelho e se assusta com as marcas da velhice que se aproxima, mas que nem por isso sofre com a síndrome de Dorian Gray. Pelo contrário, Humberto Gessinger em “Insular” é um artista que despido de ego reflete sobre seu passado, mas olha para o futuro. “Não tá morto quem peleia, tchê! Game over ainda não”, aconselha ele na faixa “Recarga”.

O Engenheiros do Havaii sempre foi um estranho no ninho. No auge do rock nacional na década de 80 e no início dos anos 90, quando predominavam as bandas do eixo Rio-São Paulo e a Legião Urbana de Brasília, lá de Porto Alegre a banda chamava a atenção do país. O Engenheiros do Havaii também apanhou horrores da crítica especializada. Tornou-se clássica a capa da revista Bizz, que estampou Humberto Gessinger na sua edição dedicada aos melhores do ano de 1990 com a manchete: “Os leitores consagram o Engenheiros. Já os críticos...”.

Fato é que Humberto Gessinger fica à vontade estando à margem. “Eu me sinto um estrangeiro” cantava ele no clássico “A Revolta dos Dândis I” em 1987. Já em faixa do disco “Várias Variáveis”, de 1991, confessava: “Ando só, pois só eu sei pra onde ir”. Referências sobre essa sensação de isolamento ou de não pertencer a nenhuma panela não faltam em sua obra. Sendo “Insular” um disco tão pessoal, não seria agora que essa característica seria deixada de lado. 

“Fica pra outra hora ser alguém importante. Se o que importa não importa, não dá nada ser irrelevante”, canta Humberto Gessinger na faixa “Tchau Radar, a Canção”. Há que se considerar ainda o próprio título do disco, “Insular”: palavra que enquanto adjetivo significa algo relativo ou pertencente a ilha; ou que se entendida como verbo se refere à ação de afastar-se do convívio social. 

Nestes tempos de superexposição nas mídias sociais e de fama a qualquer preço, em “Insular” o músico dá o seu recado. Prefere ser o exército de um homem só. O azar dele é que, com um álbum tão marcante, a última coisa que Humberto Gessinger consegue é passar despercebido, ficar alheio, longe da multidão.

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