A historiografia paranaense acaba de ganhar um importante
título que resgata, de forma inédita, a trajetória de um povo que teve
participação decisiva na ocupação e desenvolvimento de várias regiões do Estado
do Paraná. Escrita de forma conjunta por sete autores, “Imigração Alemã no
Paraná – 180 anos: 1829 – 2009” é uma das principais publicações já produzidas
sobre o tema da colonização do Estado e passa a ser obra de referência a
respeito da história do Paraná.
A obra nasceu a partir das comemorações de 180 anos da
imigração alemã no Paraná, que se estenderam ao longo de 2009. Grande parte das
celebrações foi apoiada e coordenada pela Comissão de Festejos dos 180 Anos da
Imigração Alemã no Paraná, cujo calendário de eventos comemorativos iniciou em
19 de fevereiro daquele ano com a maior sessão solene já realizada na
Assembleia Legislativa do Paraná, que contou com a presença de autoridades
brasileiras e alemãs, entre demais convidados. Diante de tamanho entusiasmo e
repercussão, surgiu a proposta de publicar o livro, que agora está sendo
lançado, cuja organização é de Harto Viteck, que foi o secretário executivo da
Comissão de Festejos.
A publicação, com cerca de 400 páginas, está dividida em
sete capítulos principais. As professoras Divinamir de Oliveira Pinto e Marli
Uhlmann Portes escreveram sobre “Rio Negro: o berço da colonização alemã no
Paraná”, no qual relatam a vinda dos imigrantes alemães originários da região
de Trier e aldeias vizinhas, que embarcaram em junho de 1828 da Europa rumo ao
Paraná, onde se estabeleceram nas terras férteis do vale do rio Negro.
O professor Marlon Ronald Fluck assina o capítulo “O núcleo
alemão em Curitiba”, que começou a se desenvolver em 1833 com alemães saídos da Colônia Dona Francisca
(atual região de Joinville) e imigrantes alemães vindos da Europa. Ele se
distingue dos demais núcleos do Estado por ocorrer no espaço urbano e por ser
uma colonização espontânea, não oficial.
“Teuto-russos e sua história: da esperança à decepção” é o
título do capítulo desenvolvido pelo professor Estevão Müller, no qual retrata
as perseguições sofridas pelos povos de descendência alemã na Rússia, o que
motivou a vinda para o Brasil, onde o imperador D. Pedro II decidiu recebê-los,
garantindo a naturalização plena e apoio para a instalação das colônias de
imigrantes, inclusive no Paraná. O mesmo autor também escreveu sobre “A
história dos bucovinos no Paraná”, alemães que emigraram da Bucovina, região
leste da Romênia, para a cidade de Rio Negro a partir de 1887, quando também
passaram a ocupar outros espaços, como na cidade da Lapa.
“Menonitas alemães no Paraná” é o assunto desenvolvido pelo
historiador Alfred Pauls. Os menonitas, que têm suas origens no movimento da
Reforma Protestante da Igreja, no século XVI, na Europa, fugiram da Rússia nas
primeiras décadas do século XX., por causa do regime violento de
perseguições imposto pela Revolução
Comunista. No Paraná, os primeiros menonitas chegaram a partir de 1933, quando
adquiriram a Fazenda Cancela, em Palmeira, onde criaram a famosa Colônia
Witmarsum. Mais tarde famílias menonitas
também se estabeleceram em Curitiba e Ponta Grossa.
A professora Cláudia Portellinha Schwenberger é a autora do
capítulo que trata dos “Pioneiros alemães em Rolândia”, que começaram a chegar
à cidade em 1932, em um processo que foi intensificado a partir do ano
seguinte, quando muitos alemães imigraram da Europa, temendo a ascensão de
Hitler e a perseguição nazista contra políticos, católicos e judeus e demais cidadãos
que não apoiassem o regime.
O professor Marcos Nestor Stein assina o capítulo “A Colônia
Entre Rios no município de Guarapuava”, surgida em 1951, resultado do processo
da diáspora ocorrido nos núcleos alemães do Leste Europeu após o final da
Segunda Guerra Mundial, quando 500 famílias de refugiados, posteriormente
designados de Suábios do Danúbio, vieram ao Paraná.
O último capítulo também leva a assinatura do professor
Marcos Nestor Stein, em parceria com o professor Valdir Gregory. O tema por eles
desenvolvido é “Migrações e germanidade: Oeste do Paraná e Marechal Cândido
Rondon”. O tópico traz narrativas e discussões a respeito do povoamento desta
região do Estado a partir da década de 1950, época em que diversas madeireiras
e colonizadoras atuaram nesse território, estimulando a vinda do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina de migrantes descendentes de alemães.
Conforme Harto Viteck, além de marcar a passagem da data
histórica, tem a tarefa de ser um referencial para que as gerações atuais e
vindouras conheçam e reverenciem a memória dos antepassados, que produziram,
junto com outras valorosas etnias, as transformações profundas que fazem do
Paraná um dos Estados mais importantes do país.
Nesse sentido, o organizador acredita que a obra estimula ainda
a reflexão e propõe um desafio. “Esperamos que a história contada neste livro
sirva de exemplo e ação missionária. Se os nossos antepassados conseguiram
superar grandes obstáculos e realizar tanto com tão pouco, o que podemos nós
fazer de bem a nós mesmos e em favor da humanidade, tendo as facilidades da
tecnologia tão avançada de hoje?”, questiona.
A publicação foi financiada com recursos da Lei de Incentivo
à Cultura, com patrocínio da Souza Cruz, Copel e Caminhos do Paraná, numa
realização do Ministério da Cultura e do Governo Federal, com apoio da Quixote
Art & Eventos e da Editora Germânica. A obra, que não está sendo
comercializada, é destinada à instituições de ensino e pesquisa, bibliotecas,
museus, autoridades e órgãos de imprensa.
Para saber mais sobre o projeto, acesse o site
www.imigracaoalemanoparana.com.br.
Lançamento do livro “Imigração Alemã no Paraná – 180 anos:
1829 – 2009”
09/11 - 20 horas - Marechal Cândido Rondon - Casa Gasa
19/11 - 19h30m - Curitiba - Goethe Institut
20/11 - 20 horas - Rio Negro - sede social da OAB-Rio Negro
21/11 - 20 horas - Lapa - Teatro São João
28/11- 20 horas - Rolândia - Jugendheim (Igreja Luterana)
(*) Os lançamentos na Colônia Entre Rios (Guarapuava) e
Colônia Witmarsum (Palmeira) ainda serão agendadas.
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