quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Brasiliana: cinco séculos de história do nosso país


Permanece até o dia 18 de março, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, a exposição da Coleção Brasiliana Itaú, um apanhado de mais de 2.130 itens e 5 mil imagens que cobrem praticamente os cinco séculos da história do nosso país. Reunido nos últimos anos de vida por Olavo Egydio Setubal (1923-2008), um dos dirigentes do banco Itaú, hoje a Coleção Brasiliana percorre o Brasil, já tendo passado por diversas capitais brasileiras. Uma oportunidade única para ver de perto um apanhado de pinturas, objetos, mapas, livros, cartas,ilustrações, etc. de profunda importância histórica.

A exposição se divide em sete partes. São elas:


“Terra Brasilis”: é dedicada aos séculos XVI e XVII. É composto principalmente por mapas e livros de navegação originais da época. Um dos mais antigos mapas, de 1525, denomina o Brasil como Terra Papagalli ou Terra dos Pagaios. Outro item que se destaca é o Grande Atlas Blaeu, de 1664, que já apresentava mapas da costa brasileira com bastante exatidão.
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“Brasil Holandês”:
dedicado ao período que os holandeses ocuparam o Nordeste brasileiro entre 1624 e 1654. O período ficou marcado pelo grande fluxo de cientistas e artistas trazidos à região pelo príncipe Maurício de Nassau. Fazem parte da Coleção Brasiliana moedas de ouro que circulavam no Brasil Holandês, uma série de ilustrações e publicações que ressaltam o espanto dos europeus com a exuberância da natureza e os povos tropicais dessa parte da América.
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“Brasil dos Naturalistas”: com a chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808, uma leva de artistas, cientistas e estudiosos em geral vieram para cá também. Entre eles estavam os alemães Spix e Martius, naturalistas que se dedicaram a estudar os indígenas, a fauna e flora brasileira, catalogando e ilustrando com grande beleza e precisão os povos, plantas e aves do país. Diversos trabalhos originais destes naturalistas, que são referência até os dias atuais, integram a exposição.
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“Brasil dos Viajantes”: um dos núcleos da exposição que mais me chamou a atenção. Traz importantes pinturas e ilustrações de artistas franceses que fizeram alguns dos mais importantes retratos da Brasil na primeira metade do século XIX. As florestas, os índios, a vida nas cidades do Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Recife, São Luís... Um amplo leque de aspectos registrados por artistas como Debret, Rugendas e Pallière, cujos trabalhos são até hoje fontes relevantes de pesquisa histórica, além de belas obras de arte.
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“Rio de Janeiro”: a capital imperial acabou merecendo um núcleo exclusivo, tamanha a quantidade de obras de arte e objetos diversos tendo ela como tema. Aqui, mais uma vez pintores e ilustradores como Debret, Barat, Rugendas, Chamberlain, entre outros, eternizaram através a vida na corte, desde a intimidade da família real até os escravos e, óbvio, a beleza e o cotidiano do Rio de Janeiro entre os anos de 1810 e 1850 quando, embora ainda pobre, pelo menos não tinha seus morros ocupados pelas favelas.
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“Memória da Cultura”: grandes momentos da história e da cultura brasileira formam este núcleo. Mais de dois séculos de literatura brasileira estão representados nas primeiras edições de livros famosos, assim como nas cartas e manuscritos de personagens célebres da nossa História. Projetos originais de Santos Dumont, um recibo assinado por Tiradentes, cartas de D. Pedro II, Marechal Floriano Peixoto, Getúlio Vargas, só para citar alguns, além de mais gravuras sobre escravidão de Rugendas e Debret, de documentos de compra e venda de escravos, passaportes e até um documento manuscrito assinado em 1498 pelo rei D. Manuel I, o Venturoso (1469-1521), que reinava em Portugal quando Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil em 1500.
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“Livros de Artistas”: edições artesanais nas quais obras originais são inseridas como ilustração para um texto. Esses livros geralmente contam com tiragem limitadíssima e são autografadas pelo autor ou artistas. A Coleção Brasiliana possui os mais importantes livros de artistas editados no Brasil de forma avulsa. Fecha a viagem pelos cinco séculos proposta pela exposição.

Para quem for a Curitiba nas próximas semanas, fica a dica. O ingresso é baratinho, apenas R$ 4 – quase uma ofensa de tão barato diante de tamanha riqueza histórica e cultural apresentada pela Coleção Brasiliana.

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