sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Meia Noite em Paris: uma lição sobre onde está a felicidade


Quem disse que Woddy Allen fez de “Meia-Noite em Paris” um dos melhores filmes de sua carreira, não estava errado. O filme foi lançado no comecinho do ano, mas para nós que moramos longe demais das capitais,na maioria das vezes o negócio é ter que aguardar e torcer para que o DVD chegue às locadoras. E “Meia Noite em Paris” valeu à pena esperar.

Temos que concordar que todo filme de Woody Allen é bem mais legal quando ele, além de dirigir, também atua, o que não é o caso aqui. Desta vez é o ator Owen Wilson, conhecido pelas comédias pastelão, que surpreende (esforçando-se para imitar os trejeitos de interpretação de Allen) no papel do protagonista. Ele interpreta Gil, um bem pago roteirista de cinema de Hollywood, mas que está frustrado pela futilidade de seu trabalho. O sonho de Gil é se tornar um escritor de livros respeitado.

Gil está em viagem a Paris com sua noiva Inês (Rachel McAdam) e os pais dela, que desaprovam o noivado. Inês é do tipo bonita e rica, mas ordinária, que mantém um interesse meramente catedrático por artes em geral. Muito diferente de Gil, que tem um espírito de artista, se assim posso dizer.

Enfim, para não entregar toda a história toda, digo apenas que de que forma surreal Gil embarca em uma inexplicável viagem no tempo e acaba, durante várias noites, conhecendo toda a famosa geração de artistas de 1920, que, conforme Hemingway registrou em famoso livro, fez de Paris uma festa.

Além do escritor autor de “O Velho e o Mar”, Gil conhece Scott Fitzgerald, T.S. Elliot, Picasso, Luis Buñuel, Gertrude Stein, Cole Porter, Salvador Dali, entre tantos outros. Para Gil, encontrar essas pessoas era a realização de um sonho! Afinal, era lá em Paris e naquela década que alguns dos artistas mais famosos do século XX estavam começando a entrar para a história.


Em “Meia-Noite em Paris”, Woody Allen trata de um tema que deve ser recorrente na vida de cada um de nós todos: a disposição nostálgica de imaginar que outros tempos sempre foram melhores do que agora, mesmo época que a gente nunca viveu e tomou conhecimento somente através dos livros,fotos, do cinema ou da TV.

Vivendo no século XXI, a década de 1920 era uma época dourada para Gil. Contudo, a ironia do filme está justamente quando os personagens dos artistas do início do século XX desdenham da própria época. Para eles o bom mesmo seria ter ser vivido na Paris da na segunda metade do século XIX, período conhecido como a Belle Époque. Para o essa turma da bela época, o melhor teria ser vivida em outro tempo mais antigo e assim sucessivamente...http://www.blogger.com/img/blank.gif

O insight de “Meia-Noite em Paris” é uma lição: a vida é sempre insatisfatória, independente de onde quando se viva. Então relaxe e esqueça esse negócio de pensar que “naquele tempo é que as coisas eram boas”. A felicidade está aqui e agora, basta desejá-la. O filme é otimismo puro, algo surpreendente na filmografia de Woody Allen, em que a ironia e o pessimismo geralmente dão o tom.

Um grande filme, sem sombra de dúvidas. E não se preocupe se você tem maior, menor ou nenhuma intimidade com os personagens de “Meia-Noite em Paris”. É claro um conhecimento mínimo que seja torna tudo mais legal, mas não é fundamental. Bacana mesmo é perceber para a centelha de genialidade espírito-filosófica contida nessa obra-prima de Woody Allen.

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